PALHAÇO
PALHAÇO
Há muito tempo baixei a cartola, Limpei as aquarelas da cara Arranquei o sorriso do rosto. Hoje sou o palhaço que chora. E os traços apontados nas fácies, São lembranças do meu picadeiro. E do amor que ainda cala no peito! Essas esquinas na minha expressão, Esses calos doídos e lavrados no corpo, São simples e tristes metáforas... Rascunhos mal ensaiados de uma vida. E ainda ecoam ensurdecedor em meus ouvidos... O adeus impensado, daquela que foi a minha vida. E os gritos, os alaridos e as gargalhadas, Quando eu tombava no meu picadeiro. Hoje, contudo, desmoronei de verdade. Aposentei as antigas e amigas insígnias, Que me demudavam no palhaço brejeiro. Agora ouço as gargalhadas da vida. Parece um coro de vozes satíricas. A chamar-me de triste palhaço! Albérico Silva
AlbéricoCarvalho
Enviado por AlbéricoCarvalho em 17/07/2012
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