XIS DO PROBLEMA
Somos animais, irmãos nos reinos, racionais ou não, somos criação de Deus.
A nós, Ele nos criou simples, e ignorantes, apesar disso, o irracional em nós,
Nos torna próximos, Senhor, e tão racionais, tão quanto os demais animais.
Albérico Silva

 

POESIA PARA AMIGOS

Escrevemos algumas páginas durante a vida, sem notarmos, falamos de nós mesmo...

Textos

ZÉS
ZÉS

Zé!
Ipsi-litere a vida vos plagia e vos esnoba.
E cose no barro puro as broas fartas
Na boca de quem no céu são luas poucas
E rejunta a figura tosca na pele seca e esquálida.
Terra caiada na forma que a chita veste.
Na paisagem, Zé, caliginosa deste seu Nordeste.

Os espinhos agudos e infames, Zé!
Que te sangram a sorte incerta, minguada e pouca.
São os mesmos que te fantasiam na morte lenta.
Êta! Cabra, que lida, que existência insossa e perversa.
É tanta peste querendo a carne escassa.
São tantas as promessas que te anulam no voto a riqueza.
Cerceando-te a liberdade nessa trajetória e na escolha.

Sei não, Zé, que sina!
Represas, Mané! Na alma a agonia e o vexame.
E no espírito, a dor dessas desdita e desse abandono.
E singrando nos mares deste solo inerte, tosco amatutado.
Cujas veias secas desse chão embrutecem a terra estéril.
Buscas nas romarias, a crença que te santifique a devoção.
E as chagas que se abrem no teu espectro opresso e te ferem.
São teus acúleos, cristo Zé, é a cruz que tu padeces.

Já absorto, tu exibes teus calos como troféus da tua peleja.
E tua prole como façanha a alardear o cabra-macho.
Mané - teimoso fiel nucaio brasileiro, que birra pondo-se de pé.
Que faz da meizinha meiota da fuga na ilusão de vencer a fome.
E nesta triste miragem, Zé, que te consome e te aniquila.
Teu espelho friamente te espanta!
É tu mesmo, Zé, os ossos que balançam.
É tua vida que plagia outras vidas.

Albérico Silva
AlbéricoCarvalho
Enviado por AlbéricoCarvalho em 18/07/2012
Alterado em 19/07/2012


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