MARIPOSAS
MARIPOSAS
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, Cantava o relógio preso à parede. Enquanto os ponteiros andavam habituais, A assinalar sucessões... Uma mariposa solitária e distraída, Fora do seu curso caiu na armadilha. E ficou presa a uma gota de orvalho! Podia vê-la, entre essa gota d’água e a vidraça, Expressão apavorada, misto de medo e receio! Já vi desses sentimentos, Desses mesmos espantos, dessa mesma solidão. Saídos dos semblantes dos homens! Mesmos impedimentos... A cada, tic-tac, tic-tac, tic-tac... Confinava-se, frágil, exaurida. Perdia-se diante daquele mar falaz! Talvez aquela gota, fosse para ela, Inconsiderado tsunami, Os mesmos que invariavelmente, De inopinado abatem-se sobre as criaturas. Eu continuava absorto, A observar o relógio e a mariposa. E nas imagens desses, tic-tac, tic-tac, tic-tac... Revelou-se uma fotografia insofismável, Quão delicada, também são as criaturas humanas! E quantas gotas d’água, Dão a dimensão exata, Entre os homens e as mariposas? Preso à parede! O relógio seguiu seu trilho, Tic-tac, tic-tac, tic-tac... E o tempo segue inexorável! Albérico Silva
AlbéricoCarvalho
Enviado por AlbéricoCarvalho em 24/07/2012
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